sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Opinião: PCdoB aberto, democrático e socialista

“O texto-zumbi, daqueles que vagam por aí desde os tempos da guerra fria e da ditadura militar, não poderia ser mais démodé; é preconceituoso, racista e homofóbico”. Assim Luiz Carlos Orro, presidente do PCdoB de Goiás, qualifica o texto escrito por Rosenwal Ferreira, publicado no jornal Diário da Manhã, de Goiânia, no dia 28 de janeiro. Ferreira, que mantém um blog no qual se intitula "100% ético", afirma em seu texto raivoso que é um "anticomunista assumido" e diz que "o PCdoB é uma sigla de aluguel" e Marx foi um "preguiçoso crônico que deixou um legado de bobagens profundas".
O Vermelho reproduz a seguir a íntegra do artigo de Luiz Carlos Orro em resposta às ofensas proferidas por Rosewal Ferreira.

Na semana passada o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e o ideal do socialismo foram vítimas de despropositados ataques em artigo folclórico de um personagem da extrema-direita, um jornalista que se apresenta também com o pomposo título de empresário. O texto-zumbi, daqueles que vagam por aí desde os tempos da guerra fria e da ditadura militar, não poderia ser mais démodé; é preconceituoso, racista e homofóbico. Traz anacrônica linguagem, mais apropriada para relatórios da CIA, DOPS e DOI-CODI's (os violentos braços da repressão do regime militar dos anos 60 e 70, onde agentes do Estado torturaram milhares e mataram centenas de lutadores pela democracia).

As ofensas foram ao meu partido, ao ideal do socialismo e a todos os que lutaram contra o arbítrio. Quanto a mim, estou na luta há mais de trinta anos, de nada me arrependo. Entrei para o PCdoB em fins dos anos 70, sofri quatro prisões na época da ditadura (a primeira aos 15 anos de idade), fui espancado, torturado, enquadrado na abjeta Lei de Segurança Nacional, submetido a inquérito na Polícia Federal, tempos em que eu usava o codinome ''gaúcho''. Participei da reconstrução do movimento estudantil, fui eleito vice-presidente da UNE em 1980, atuei na campanha Diretas Já. Após 21 de exceção, quem venceu foi a democracia, em 1985.

Os que ousaram enfrentar o regime de força e que sofreram perseguições foram anistiados, e ainda hoje o movimento democrático exige o julgamento e a punição dos agentes públicos que praticaram, nos porões do regime de arbítrio e nas matas do Araguaia, crimes de tortura, assassinatos seletivos – extermínio político e ideológico -, ocultação e destruição de cadáveres, documentos e outras provas das atrocidades cometidas; enfim, crimes contra a humanidade, crimes imprescritíveis. De tudo o que fiz orgulho-me e na atualidade a luta dos comunistas continua em aliança com outros partidos, ao lado de lideranças do quilate do Presidente Lula e do Prefeito Iris Rezende, ambos também perseguidos nos anos de chumbo. Nossa bela Goiânia melhora a cada dia e vejo com otimismo os avanços econômicos e sociais que o nosso Brasil experimenta, conquistas das quais participam com orgulho os comunistas, através de alianças públicas e legítimas.

O Partido Comunista do Brasil foi fundado em 1922, em 25 de março próximo completará 87 anos. É o mais antigo partido do País e foi também o mais perseguido. Por dezenas de vezes as classes dominantes anunciaram o fim do Partido Comunista, seja pela polícia do conservador Artur Bernardes, nos anos 20, pela repressão do Estado Novo, de meados dos anos 30 a 1945; ou nos tempos da sanha cassadora do Marechal Dutra no pós-45, quando os 15 deputados federais e o senador Luís Carlos Prestes, eleitos pelo Partido Comunista do Brasil, tiveram seus mandatos anulados.

Mesmo tendo vivido a maior parte de sua existência como partido ilegal, sendo obrigado a funcionar clandestinamente, a corrente comunista sempre teve influência na vida política do Brasil. Em 1962, essa corrente cindiu-se, após o advento do Partido Comunista Brasileiro, que manteve a sigla PCB, e a consequente reorganização do Partido Comunista do Brasil, que adotou a sigla PCdoB. Já nos anos 90, o PC Brasileiro transformou-se novamente, dessa vez em PPS, que agora anda alinhado ao PSDB e DEM, a nova direita brasileira que faz oposição ao governo federal. Já o PCdoB, marcha firme em outra direção, apoia e participa do governo federal, pois avalia que o campo liderado por Lula tem um projeto político que beneficia os trabalhadores e o povo pobre, que reforça as bases da Nação, evidenciado na defesa da soberania, no crescimento econômico do país, na distribuição de renda, na afirmação democrática e integração soberana do continente sul-americano.

Nas eleições de 2008, o PCdoB obteve expressivas vitórias. Elegeu Edvaldo Nogueira para prefeito em Aracaju e manteve, para um terceiro mandato, a prefeitura de Olinda (PE), com Renildo Calheiros. Conquistou 41 prefeituras e totalizou um 1,767 milhão de votos na eleição majoritária. Na proporcional, o PCdoB obteve resultados ainda maiores: 2, 174 milhões, elegendo 604 vereadores, 21 deles em 16 capitais. Além de seus resultados próprios, o PCdoB apoiou coligações vitoriosas em 926 cidades, significando espaços de atuação importantes para a acumulação de forças e a ampliação da atuação partidária.

Em Goiás, os candidatos do PCdoB conquistaram mais de 34 mil votos, oito vereadores foram eleitos e os comunistas estão participando de cerca de vinte administrações de prefeitos coligados. Em especial, a eleição do vereador Fábio Tokarski em Goiânia, com 6.705 votos, muito contribui para reposicionar a legenda comunista em Goiás. O PCdoB abriu, com esses resultados, um novo caminho na disputa política. Até 2010 passaremos dos atuais 6 mil para 10 mil filiados goianos.

O que vem por aí é um PCdoB amplo, aberto à filiação de milhares de militantes e líderes políticos e de movimentos sociais. Nas próximas eleições, o PCdoB concorrerá com chapa própria de deputados estaduais, serão 50 candidatos. Os comunistas goianos pretendem também eleger um deputado federal, integrando-se ao esforço partidário nacional para dobrar a atual bancada de treze deputados federais.
Com eleição ou sem eleição, o Partido Comunista está sempre em movimento, funciona como bica d’ água, de dia e de noite, faça chuva ou faça sol. Onde haja injustiça, sempre se encontrará um comunista em luta pelos direitos do povo. Seus militantes atuam no movimento sindical e ajudam a ampliar a estruturação da recém-criada Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), defendendo os direitos dos assalariados urbanos e rurais. A presença comunista também tem força no movimento estudantil, comunitário, de defesa de negros, mulheres e jovens.

Na atualidade, o PCdoB se esforça para desenvolver e aperfeiçoar o marxismo, publica a revista Princípios ininterruptamente desde 1981, interage com expressivas parcelas da intelectualidade e comunidade acadêmica.Tudo isso faz parte da nossa luta por democracia econômica e social, pois só a democracia política não basta para resolver as agruras que o nosso povo ainda enfrenta. Defendemos o socialismo enquanto sistema mais avançado, nos aspectos social, político e econômico. E um socialismo democrático, com as características próprias da cultura e da gente brasileiras.

Essa é a cara do Partido Comunista do Brasil, que sempre esteve na luta e não tem do que se envergonhar.

Por Luiz Carlos Orro, presidente estadual e membro do Comitê Central do PCdoB, Secretário de Esporte e Lazer de Goiânia e membro da diretoria da Associação de Anistiados pela Cidadania e Direitos Humanos de Goiás.

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Ex-diretor da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e ex-presidente da União da Juventude Socialista (UJS) de Alagoas. Atual militante e presidente do Comitê Municipal de Maceió do Partido Comunista do Brasil, PCdoB.
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