sábado, 23 de abril de 2011

Candidato a reitor da Ufal, Eurico Lobo fala em desafios para a futura gestão


Reproduzo excelente entrevista do meu candidato a Reitor da UFAL professor Eurico Lobo concedida ao Cada Minuto:


São 32 anos de dedicação exclusiva ao ensino, à pesquisa e a extensão como professor, pesquisador e gestor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Com mestrado e doutorado em Química feitos na França, Eurico Lobo jamais perdeu o foco no desenvolvimento de Alagoas.

Atual vice-reitor, dividindo a vitoriosa gestão da Ufal com reitora Ana Dayse Rezende Dorea, o professor agora parte para mais um desafio: suceder a reitora no comando da Universidade a partir do final de 2011.
Nesta entrevista ao Cada Minuto, o já candidato a reitor fala sobre sua candidatura. Confira:

Cada Minuto: Por que ser reitor da Ufal?

Eurico Lobo: Para consolidar as conquistas da atual gestão e para garantir ainda mais avanços para Alagoas por meio da expansão, com qualidade, da Ufal.

Os últimos anos foram tempos crescimento e de interiorização da Universidade, de contratação de mais de 700 professores e do alcance da marca de mais de 23 mil estudantes em mais de 80 cursos só de graduação, incluindo a educação a distância. Este trabalho precisa não somente continuar. Ele precisa ser incrementando, agregando ainda mais energia e agilidade à gestão da Universidade.

Como atingir estes objetivos?

Fazendo com que as conquistas dos últimos 8 anos não sejam descontinuadas e imprimindo ainda mais a marca da modernização, da transparência e da ousadia que fez a Ufal, por exemplo, chegar ao sertão e ao agreste de Alagoas com 27 cursos de graduação, atendendo a quase 6 mil alunos.

Quando assumimos a Ufal em dezembro 2003 o desafio era gigantesco, pois faltava pessoal, faltava motivação e os recursos para investimentos eram mínimos. Hoje o cenário é diferente, muito já foi conquistado e, acima de tudo, hoje nosso grupo está ainda mais preparado para fazer a Ufal continuar a se desenvolver.

Quais as principais conquistas da gestão atual?

São inúmeras. Muitas vezes quem chega agora à Ufal não tem este comparativo, mas é preciso que ele seja traçado. Hoje nós temos obras concluídas e em andamento com construções de salas de aula e laboratórios de ensino e de pesquisa.

Temos uma biblioteca climatizada e com acervo atualizado. A nova residência universitária e novo restaurante universitário estão em construção. Temos a Ufal instalada no interior. Realizamos inúmeros concursos para docentes e técnicos administrativos.

O Reuni trouxe investimentos concretos para a Universidade. A assistência estudantil foi em muito incrementada, com aumento considerável no número de bolsas e outros meios de assistência para nosso alunado. Para se ter uma idéia, hoje quase 3.200 estudantes da Ufal recebem algum tipo de assistência estudantil, seja bolsa ou auxílio financeiro. No começo de nossa gestão tínhamos somente pouco mais de 300 estudantes beneficiados com estas bolsas ou auxílios.

O que precisamos é manter estes ganhos e avançar ainda mais. O projeto da Ufal para reverter os indicadores sociais de Alagoas está só no começo. Qualquer alteração nesta trajetória vai fazer com que voltemos aos indicadores anteriores de uma Universidade sem interlocução com a sociedade.

Mas há também críticas com relação a alguns atrasos em obras, à violência no campus e outros problemas do cotidiano acadêmico...

Criticas todas necessárias, pertinentes, que vem sendo alvo de trabalho intenso da gestão, com soluções concretas apresentadas a nossa comunidade. Problemas que são causados pela burocracia, como alguns atrasos em obras, ou pela violência que assola nosso estado e que faz da Ufal mais uma vítima, porque realizamos um investimento muito grande em sistemas de vigilância e combate à criminalidade no campus.

Mas mesmo assim podemos afirmar sem receio que nossa candidatura representa seguir em frente, com um trabalho que vem dando muito certo. Tenho certeza que a comunidade acadêmica saberá distinguir nosso trabalho e nosso compromisso acadêmico.

Toda a gestão da Ufal está unida em torno de nossa candidatura, sem contar os inúmeros apoios que recebemos de estudantes, técnicos, professores e entidades de classe. Também temos recebido apoio das principais lideranças políticas, intelectuais, sociais e empresariais de nosso estado.

Impasses e alternativas ao desenvolvimento brasileiro


Com a finalidade de debater os obstáculos para um novo projeto nacional de desenvolvimento, pesquisadores da Fundação Maurício Grabois reuniram-se na sexta feira (15). Debateram questões sobre a crise capitalista global e a evolução do desenvolvimento brasileiro, Lecio Morais, mestre em economia pela Universidade de Brasília (UnB) e assessor da liderança do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) na Câmara dos Deputados; Sérgio Barroso, doutorando em Economia Social e do Trabalho (Unicamp) e diretor de Estudos e Pesquisa da Fundação Maurício Grabois; Renildo Souza, doutor em Economia (UFBA) e da Direção Nacional do PCdoB; e Dilermando Toni, jornalista e a Direção Nacional do PCdoB.

Dilermando Toni, Sérgio Barroso, Lécio Morais e Renildo Souza

Abrindo a reunião e observando o estágio ao desenvolvimento no Brasil, Barroso disse que os principais temas em foco correlacionam a crítica do estorvo (política macroeconômica) de um modelo econômico vigente caracterizado pelo “hibridismo” ou de “dualidade”, com a reemergência da problemática da inflação e do câmbio; onde os êxitos alcançados nos dois mandatos de Lula não conseguem esconder a deterioração crescente desde 2008: desindustrialização e rombo nas transações correntes.

Iniciando, Dilermando Toni fez um relato sobre a situação da economia brasileira nos marcos da crise econômica global. Segundo ele, o Brasil, do ponto de vista econômico, passa por uma fase de transição, para e passo com o que ocorre em escala mundial, um cenário que mostra a rápida ascensão da China e o lento declínio dos Estados Unidos. O país, registrou Dilermando Toni, estaria passando de uma economia estreitamente ligada ao ocidente — Estados Unidos e Europa — para vínculos mais estreitos com a Ásia, especialmente a China. A visita da presidenta Dilma Rousseff ao gigante emergente asiático e a reunião dos Bric seriam elementos que aceleraram essa nova configuração.

É uma nova realidade, enfatizou Dilermando Toni, com enormes conseqüências internas. Em seu entender, há um novo “engate” internacional da economia brasileira, agora com países em desenvolvimento e mais distante do capitalismo desenvolvido das nações imperialistas. Além dos asiáticos, destacou, o Brasil se aproxima de países da América latina, especialmente da Argentina. Com essa nova configuração, emerge um bloco com papel de destaque na economia mundial. Dilermando Toni ilustrou a constatação com dados sobre o comércio bilateral entre Brasil e China, da ordem de US$ 55 bilhões no período mais recente, com saldo brasileiro de US$ 5 bilhões, além dos investimentos pesados no país pelo gigante asiático.

Segundo Dilermando Toni, essa dinâmica traz como resultado a reprimarização da balança comercial brasileira. Ele lembrou as importantíssimas descobertas do pré-sal para indagar sobre a resultante desse processo. Segundo suas considerações, o pré-sal implica em mudanças no parque industrial brasileiro e aponta para o dilema sobre o futuro do modelo econômico: será uma grande potência energética ou fornecedor de produtos primários?

Assim – diz Dilermando -, ressurge um fenômeno novo, a inflação, devido à especulação com os preços das commodities e do petróleo nos mercados futuros. O país superou bem a crise, elegeu Dilma Roussef para a Presidência da República com uma base ampla, tem a perspectiva de iniciar brevemente a produção do pré-sal, apresenta uma safra recorde, mas se vê diante de ameaças inflacionárias, da valorização cambial e dos crescentes déficits nas contas correntes.

A partir dessa explanação, os demais pesquisadores iniciaram o debate. Lécio Morais disse que o Brasil enfrenta o grave problema da exportação da inflação pelos países centrais. No caso do Brasil, a inflação importada pela condição de grande exportador de alimentos serviu de gatilho para outras pressões inflacionárias. Além disso, a política de juro zero do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, e a redução das taxas na Europa impulsionam o fluxo de dinheiro de suas economias para a busca de maiores retornos. Esse fluxo está acelerando a inflação e apreciando as moedas dos países emergentes. 

Para Morais, a macroeconomia brasileira, principalmente a política monetária, fermenta em contradições. O câmbio sobrevalorizado que ajuda a controlar os preços (ao baratear importações), transfere vendas e empregos para o exterior. Controlar o câmbio sem gerar pressão inflacionária extra implicaria em esfriar simultaneamente a demanda interna, que não contaria mais com a válvula de escape das importações baratas. Mas se isso for feito pelo recurso dos juros altos, a atratividade brasileira aos capitais especulativos aumentaria, pressionando de novo a variável cambial.

Lécio Morais disse que o preço de um eventual descarrilamento terá de ser suportado pelo Banco Central (BC), que pratica hedge (proteção) nas operações privadas de cobertura de riscos de variações, no mercado internacional, de taxas de juros, de paridade entre moedas e de preços de mercadorias. Outro problema é a acumulação de reservas cambiais, que representam um alto custo fiscal. Para Moarais, essas e outras contradições se apresentam como um dilema de difícil solução. A atração de capitais torna-se dramática quando conjugada com a política de juros altos a pretexto de enfrentar a inflação. 

Ele lembrou a frase famosa do ex-ministro da Fazenda Mario Henrique Simonsen, segundo a qual "se a inflação aleija, o câmbio mata". O componente principal da inflação são os preços das commodities, conjugados com fatores internos como a distribuição de renda, que trouxe para o mundo do consumo uma massa considerável da população. Quando esses dois elementos se juntam, o resultado é um surto de alta dos preços. A elevação da taxa de juros ataca de imediato a inflação interna, reduzindo a demanda e causando perdas na renda do trabalho, mas, ao mesmo tempo, eleva a valorização do real.

Em síntese: o juro elevado combate a inflação com eficiência, mas mata a indústria nacional. A questão é saber o grau de influência da inflação externa, que não está ao alcance da política monetária brasileira. É um dilema, concluiu Lécio Morais, que exige examinar quais podem ser as medidas alternativas, levando-se em consideração a correlação de forças políticas.

Renildo Souza falou em seguida, iniciando a intervenção com uma menção ao predomínio da visão neocolonial do mundo financeiro, que advoga a tese de menos Estado, menos regulação e mais mercado. Segundo ele, essa concepção propagou a falsa idéia de que a estabilidade monetária geraria o crescimento da economia, abrindo mão de políticas desenvolvimentistas. Renildo Souza lembrou que essas versões ainda hoje são amplamente divulgadas pela mídia, como se elas bastassem para uma orientação estratégica para o país. A relação entre Estado e mercado e o tipo de inserção do Brasil no mercado internacional são os elementos que constituem o pano de fundo no debate sobre os rumos da economia brasileira, segundo ele.

Os aplausos recebidos pela presidenta Dilma Rousseff dos setores neoliberais, especialmente da grande mídia, destacou Renildo Souza, simulam, apesar de não ter resultado concreto, uma vitória política das forças conservadoras. Para ele, o dilema se apresenta com proporções ainda maiores quando se olha o cenário que compõe as dificuldades enfrentadas pelo país. Há problemas sobrepostos que estão dividindo e dilacerando o governo. Segundo Renildo Souza, há indícios de que, com apoio da mídia, o ministro-chefe da Casa-Civil, Antônio Palocci — o conhecido ex-ministro da Fazenda fortemente vinculado ao sistema financeiro —, está mais forte agora do que esteve no governo passado.

Outro desafio de grande importância, disse, é político. Em sua opinião, na se deve ter, no debate, posições estereotipadas, que conduziriam ao isolamento. Para Renildo Souza, é preciso buscar proposições que saiam da perplexidade arregimentando forças aliadas. Ele também enfatizou aspectos conjunturais, destacando a realidade da economia mundial que beneficiou o governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva com um período de crescimento, sobretudo pelo efeito China, e que agora, com a crise, castiga o governo da presidenta Dilma Rousseff. Segundo o economista, esse novo cenário força o governo a enfrentar dilemas que antes podiam ser adiados. 

Mas, ressaltou Renildo Souza, os problemas inflacionários e cambiais não podem ser enfrentados por apenas um país. Como fenômeno internacional, eles exigem visões estratégicas e articulações políticas arrojadas. Segundo ele, existem a nova realidade dos Bric, uma alternativa à pressão dos países ricos. Além disso, o Brasil é beneficiado pelo crescimento e pela relativa baixa do índice de desemprego. Para Renildo Souza, são dados que contam na resistência à ofensiva política dos setores conservadores. 

Sérgio Barroso encerrou as intervenções valorizando a presença dos debatedores, afirmando ser aquela uma primeira reunião nesses moldes de pesquisadores da Fundação Maurício Grabois, que visa atualização e uma sistematização dos assuntos centrais que orbitam em torno da questão fundamental do desenvolvimento econômico-social. 

Para ele, na verdade, a transição existente diz respeito “à saída do modelo de uma economia mundial que fundava seu dinamismo naquilo que se convencionou chamar de modelo ‘sinoamericano’, para uma economia global que passa a ter um outro pólo – inédito ao menos desde o pós-segunda guerra mundial -, a partir do início dos anos 2000 -, onde os chamados países emergentes é quem são o centro cíclico do crescimento econômico. “Esse policentrismo atual se assemelha ao do final do século XIX e agora tem como epicentro, visivelmente, o declínio da potência imperialista”. As turbulências enfrentadas por aquele país, sua graves interferências na periferia do sistema ainda se apresentam como interrogações, do ponto de vista das conseqüências para a economia global - “onde se afirma a exuberância chinesa”, enfatizou.

No Brasil, conjunturalmente, o desafio é sair da armadilha inflação-câmbio. Para Barroso, “o nosso norte deve ser buscar as conexões ao Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento”, recentemente indicado pelo PCdoB.

A reunião concluiu pela importância da elaboração de um texto coletivo abordando as deficiências do “modelo” chamado de “socialdesenvolvimentismo” pelo ministro Mantega, nos marcos das cautelas apontadas por Renildo Souza, e uma nova argumentação em torno das alternativas para o avanço da política econômica do governo Dilma Rousseff.

(Colaborou, Sérgio Barroso)


Praia Girón: o símbolo de meio século da luta anti-imperialista

Por Maria do Carmo Luiz Caldas Leite

Depois do triunfo da Revolução, em 1959, nenhum outro fato marcou tão intensamente a história de Cuba, como a batalha de Playa Girón. Organizada pela CIA, a operação começou a 14 de Abril de 1961, com a chegada dos barcos da brigada 2.506, armada e treinada na Nicarágua e na Guatemala.


Compañeros de historia,
tomando en cuenta lo implacable
que debe ser la verdad, quisiera preguntar
-me urge tanto-,
¿qué debiera decir, qué fronteras debo respetar?
Si alguien roba comida
y después da la vida, ¿qué hacer?
¿Hasta donde debemos practicar las verdades?
¿Hasta donde sabemos?
Que escriban, pues, la historia, su historia,
los hombres del «Playa Girón».

( De Silvio Rodríguez)

Praia Girón: o símbolo de meio século da luta anti-imperialista

No dia 15, seis bombardeiros B-26, com as cores da Força Aérea cubana tentaram destruir a pequena aviação revolucionária. Na tarde de 16, durante os funerais das sete vítimas destes ataques aéreos, Fidel, então com 34 anos, afirmou publicamente o caráter socialista da Revolução:

"O que os imperialistas não podem perdoar-nos, é que nós tenhamos feito uma revolução socialista, debaixo do nariz dos Estados Unidos".

Os invasores, apoiados pelos serviços secretos norte-americanos, de 17 a 19 de Abril, atingiram as praias da Baía dos Porcos, a 200 quilômetros de Havana. A três milhas da costa, uma esquadra, que incluía porta-aviões e infantaria de marinha, analisava o desenvolvimento da contra-ofensiva revolucionária e dos invasores, permanecendo pronta a intervir. Naquela que foi a primeira grande derrota do imperialismo na América Latina, soldados e milicianos dominaram, em 72 horas, um contingente de 1.400 cubanos exilados, que tentavam retroceder a vitória do movimento 26 de Julio. 


Das raízes de Praia Girón aflora uma grande questão: o que teria acontecido se Cuba fosse invadida no ano de 1961? Em meio a essas elucubrações, à custa de muita meditação, emergem as lembranças 200.000 pessoas mortas na República da Guatemala, segundo alguns historiadores, índios em sua maioria. Quantos mortos haveria em Cuba, com mais habitantes, melhor armados e com tradição de lutas? A mesma política intervencionista, que gerou 30.000 vítimas na Nicarágua, contou com a cumplicidade da máfia do narcotráfico aliada aos "contras" nicaraguenses. Na década de 1980, em meio à onda de intervenções nos países da América Central, foram enviadas tropas à ilha caribenha de Granada, com o "objetivo" de evitar a expansão do comunismo na América Latina.

"Que cheguem sempre que quiserem! Ficaremos à espera deles com os fuzis na mão. Nossa história é plena de dias de glória, que ninguém poderá apagar, de recordações dos que deram suas vidas generosas combatendo em qualquer canto da ilha ou do mundo”, como relatou em inesquecível depoimento o cubano Emilio Rodríguez Montesinos, uma das muitas testemunhas de tão memoráveis feitos.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Servidores da Educação estadual vão parar por 72 horas


Categoria deliberou pela paralisação de advertência de três dias a partir da próxima segunda-feira (18)


Servidores da Educação estadual iniciam na próxima segunda-feira (18) uma paralisação de advertência de 72 horas em protesto contra a propostra dereajuste salarial de 5,91% feita pelo governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) na última sexta-feira (8). A categoria rejeitou a oferta, em assembleia realizada no Clube Fênix Alagoana, em Jaraguá, nesta quarta-feira (13).



Um ato em frente à sede da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte, na segunda-feira, vai marcar o começo da suspensão das atividades. De acordo com a secretária de formação sindical do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal), Girlene Lázaro, após os três dias de interrupção das atividades, os servidores decidirão se vão deflagrar greve por tempo indeterminado. “O Sinteal convocou os trabalhadores da Educação de todo o estado”, ressaltou Girlene. 



A secretária explicou ainda que a pauta desta assembleia, que contou com aproximadamente 1.500 servidores oriundos de diversas regiões de Alagoas, foi o reajuste salarial concedido aos servidores estaduais. Ela lembrou que, em virtude da recusa do reajuste, a categoria ainda busca possível negociação. “A medida foi insatisfatória. O governo não nos paga nem o piso nacional, que é lei federal”, complementou Girlene Lázaro.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Saudosos da ditadura, militares querem cancelar novela do SBT


A novela Amor e Revolução vem rendendo. Desta vez, um portal militar resolveu fazer um abaixo-assinado contra a novela de Tiago Santiago, que aborda o período do regime militar no Brasil (1964-1985). Os donos do site – provavelmente acostumados à censura que perdurou na ditadura – querem que a trama seja proibida de ir ao ar no SBT.

O novelista Tiago Santiago, autor de Amor e Revolução, rechaçou o texto e se recusou a edulcorar a história em favor da visão obscurantista dos filhotes da ditadura. “Achei uma iniciativa despropositada, que interessa apenas aos criminosos, torturadores e assassinos, que violaram as Convenções de Genebra, nos chamados ‘anos de chumbo’ da ditadura militar”.

No abaixo-assinado, os signatários mentem ao dizer que “é óbvio que o governo federal, através da Comissão da Verdade, recém-criada, está participando do acordo em exibir a novela Amor e Revolução no SBT. Parece-nos que se trata de um acordo firmado com o empresário Silvio Santos, visando o saneamento do Banco Panamericano do próprio empresário”.

As acusações infundadas e difamatórias não param por aí. “As Forças Armadas não devem permitir, dentro da legalidade, que tal novela seja exibida, pelos motivos óbvios abaixo declarados. Convém salientar que as Forças Armadas já se manifestaram negativamente a respeito da novelaAmor e Revolução”.

Os militares completam, em tom autoritário: “Sendo assim, o efetivo da Forças Armadas, tanto da ativa como inativos e pensionistas, vêm respeitosamente através desse abaixo-assinado, como um instrumento democrático, solicitar do digno Ministério Público Federal, representado acima, providências em defesa da normalidade constitucional, vista o cumprimento da lei de anistia existente, conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal. Nestes termos pede deferimento em caráter urgentíssimo".

Para Tiago Santiago, o texto é “despropositado” do começo ao fim. “A novela é respeitosa com as Forças Armadas, mostrando herói militar e oficiais democratas, a favor da legalidade. Em diversos trechos da novela, há menções favoráveis a militares, evidenciando que nem todos participaram do golpe e da violenta repressão à oposição”.

De acordo com o autor de Amor e Revolução, “o argumento de que a novela teria qualquer coisa a ver com o saneamento do Banco Panamericano também não procede. A proposta partiu de mim para o SBT, e não vice-versa. Comecei os trabalhos antes de saber que havia qualquer problema com o Banco e antes de saber também que a Dilma seria eleita presidente”.

Para Renata Dias Gomes, colaboradora de Tiago Santiago em Amor e Revolução, os tempos mudaram, mas os militares continuam com a cabeça na época do regime. “Felizmente a ditadura e a censura acabaram – e hoje a gente pode contar uma história sem medo. Ou deveria poder.”


Téo Vilela concede aumento de 35% a secretários-adjuntos e diretores


Os secretários de Estado e sub-secretários do governo Teotonio Vilela Filho (PSDB) tiveram reajustes salariais mais ‘generosos’ por parte do Poder Executivo do que os servidores públicos. Na edição do Diário Oficial deste sábado (09), mas só disponibilizada na internet, por meio do portal da Cepal – a Imprensa Oficial Graciliano Ramos –, neste domingo (10), o governador sancionou a Lei Delegada nº 44/11, que definiu a reforma administrativa no Estado. Nela, ele concede aumento nos vencimentos dos sub-secretários, que passarão a ganhar, a partir de maio, 35% a mais. 

O reajuste para os secretários adjuntos será de 35%, mesmo percentual que será dado para presidentes e diretores de órgãos ligados a administração direta. Com o aumento, a maior parte deles sairá de um salário de R$ 5,6 mil para R$ 7,6 mil. E o detalhe é que o acréscimo não será divido em duas parcelas, como vai acontecer com os servidores públicos. O valor integral dos R$ 7,6 mil já será creditado em maio. 

E o aumento ‘generoso’ não foi concedido na mesma proporção para os demais ocupantes de cargos de provimento em comissão do Estado, que terão acrescidos em seus vencimentos um percentual de apenas 2,96%. 

Entidades prometem mobilização 

O reajuste de 35% para os sub-secretários deverá causar ainda mais a insatisfação de categorias de servidores públicos que brigavam por salários melhores, já que, na última sexta-feira (08), Vilela anunciou que só poderia conceder aumento de 5,91% ao funcionalismo público. E, mesmo assim, dividido em duas etapas, sendo a primeira no mês de maio e, a segunda, em novembro deste ano. O reajute para o trabalhador, segundo o governo, vai gerar impacto de R$ 9 milhões aos cofres públicos e foi concedido com base no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2010.

Mas as explicações para um percentual bem abaixo daquele reinvindicado pelos trabalhadores não convenceram os sindicalistas, que alegam que o valor de 5,91% não atende às necessidades das categorias e não corresponde aos quatro últimos anos de arrocho salarial.

O Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal) garante que os professores não aceitarão a proposta do governo. A categoria cobra um reajuste de 25% para o magistério e de 17% para a educação básica. A vice-presidente do sindicato diz que o Sinteal encabeçará mobilização contra o que chamou de ‘reajuste vergonhoso’.

“Recebemos estarrecidos e perplexos essa atitude do governo do Estado. Estamos diante de uma administração que não trabalhou pela valorização do servidor. A gestão do governador Teotonio Vilela só concedeu gordos reajustes a secretários e funcionários do alto escalão e fez isso para que os administradores fiquem mais próximos dele e, do outro lado, apertem os trabalhadores. Ele só se esqueceu que é o funcionário quem põe a mão na massa, quem impulsiona a máquina pública e o retorno que temos dele é esse tratamento injusto”, condenou Célia Capristano, presidente do Sinteal. 

E a sindicalista prometeu atos de protesto para esta próxima semana. “Nós haveremos de fazer grandes movimentos para que o governo reflita sobre as suas incoerências. Temos assembleia na próxima quarta-feira e, se o governo ficar irredutível, as categorias darão a resposta. Todos os sindicatos estão juntos”, alertou ela. 

Governo promete conversar com servidores nesta segunda-feira 

Na tarde do dia 08, Teotonio Vilela Filho, depois de receber críticas das entidades ligadas às áreas da Saúde, Educação e Segurança Pública, afirmou que só vai se manifestar sobre a insatisfação por parte dos sindicatos e associações de classe nesta segunda-feira (11). O chefe do Executivo garantiu que manterá aberto o canal de negociação com todas as categorias e afirmou que o governo quer aplicar uma política salarial justa para os servidores. 

Secretarias 

Além do aumento aos secretários, diretores e presidentes, Teotonio Vilela também sancionou, na lei delegada, a nova estrutura administrativa do governo do Estado, que passa a contar com 20 secretarias.

Secretários tiveram aumento de 135% em dezembro 

No dia 30 dezembro do ano passado, por meio da Lei nº 7.229/10, publicada no Diário Oficial, o governador Teotonio Vilela reajustou os salários dos secretários de Estado. O aumento foi de 135% e beneficiou todos os integrantes do 1º escalão da equipe tucana. O ‘presente de Natal’ foi condenado, à época, pelos sindicalistas. 

Pela lei os vencimentos dos secretários saltaram de R$ 6,5 mil para 15,3 mil mensais.

Dilma viaja para fortalecer relação Brasil-China e ampliar Bric


Depois de enfrentar mais de 24 horas de viagem, com escala no sábado (9) na Grécia, a presidente Dilma Rousseff chegou na manhã desta segunda-feira (ainda domingo no Brasil) a Pequim, em sua primeira visita oficial à China. Acompanhada dos ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores), Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Edson Lobão (Minas e Energia), às 11h05 ela deu entrada no hotel St. Regis, na região das Embaixadas, no bairro Chaoyang.

Além da presidente e dos ministros, a comitiva inclui 250 empresários brasileiros — que representam distintos setores da economia. Os empresários consideram o mercado chinês fundamental, mas também cobram limites para as importações oriundas da China. Segundo o porta-voz da Presidência da República, Rodrigo Baena Soares, a expectativa da viagem é que as conversas levem à abertura de oportunidades em vários setores do comércio na China.


A visita de Dilma conta com uma intensa agenda de compromissos, inaugurada com a reunião, nesta segunda, no próprio hotel, com o CEO da empresa Huawei, Ren Zhengfei. Após o encontro, Zhengfei anunciou a doação de US$ 50 milhões em equipamentos de computação a universidades brasileiras. "A Huawei está sinalizando fortemente a implantação de um centro de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na região de Campinas”, informou Fernando Pimentel à imprensa após a reunião.

Segundo o ministro, o “próximo passo” da Huawei no Brasil é a construção de um “centro de pesquisa e desenvolvimento”. O custo dessa iniciativa estaria em torno de US$ 200 a RS$ 300 milhões e escancara o interesse das empresas chinesas de tecnologia de informação em investir no Brasil, sobretudo depois do Plano Nacional de Banda Larga.

Brics

Um dos momentos mais esperados da visita de Dilma é a reunião com os líderes dos países que formam o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) — e, a partir do dia 14, também a África do Sul, quando o bloco se chamará Brics. Na cidade chinesa de Sanya, haverá a 3ª Cúpula do Brics, com a participação de Dilma, do primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, e dos presidentes da China, Hu Jintao, da África do Sul, Jacob Zuma, e da Rússia, Dmitri Medvedev.

A cúpula marca o ingresso da África do Sul no grupo, ampliando a representatividade geográfica do bloco no momento da discussão sobre as reforma do sistema financeiro internacional e do Conselho de Segurança das ONU. No período de 2003 a 2010, o crescimento dos países do Brics representou cerca de 40% da expansão do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, atingindo US$ 19 trilhões — o que corresponde a 25% da economia mundial.

No próximo dia 15, Dilma participará da 10ª Conferência Anual do Fórum de Boao para a Ásia, cujo tema é Desenvolvimento Inclusivo: Agenda Comum e Novos Desafios. Criado em 1998, o fórum é uma organização não governamental que busca se estabelecer como o "Davos" asiático. Boao fica na província de Hainan, no sul da China. Participam das discussões líderes políticos, empresários e acadêmicos.

Instituto Confúcio

Outros assuntos estão na pauta da visita de Dilma a China. Entre eles, o acordo para instalar o Instituto Confúcio na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O instituto está presente em mais de 90 países para divulgar a cultura mandarim e firmar um intercâmbio cultural e acadêmico entre o país asiático e o mundo.

A assinatura do acordo ocorrerá na terça-feira, no Palácio do Povo, capital chinesa. No ato, deverão ainda ser assinados acordos de compra de aeronaves da Embraer e o lançamento da venda de carne suína brasileira na China. Duas empresas locais, a China Southern e a Hebei Airlines, aproveitarão a viagem de Dilma para anunciar a compra de jatos EMB 190, fabricados pela Embraer.

É uma resposta à reivindicação brasileira de vendas de maior valor agregado ao país asiático. A Hebei, lançada no ano passado, comprará 25 jatos, e a China Southern, que já havia anunciado em janeiro a compra de dez EMB-190, por intermédio da chinesa CDB Leasing, confirmará a aquisição de mais dez. 

O Brasil negocia ainda a transformação da fábrica da Embraer na China, para que ela possa montar no país o jato executivo Legacy 600. A unidade está ameaçada de fechamento, por causa da decisão dos chineses de não comprar mais os jatos EMB 145, de 50 lugares, fabricados lá pela associação entre a chinesa Avic e a Embraer. Os contratos com a Embraer fazem parte de um pacote de cerca de 20 acordos e memorandos de entendimento, que devem ser assinados durante a visita de Dilma. 

Entre os gestos de aproximação feitos pelos chineses, estará o credenciamento de dez frigoríficos, que serão autorizados a exportar, pela primeira vez, carne de porco do Brasil diretamente à China. Com a medida, a associação dos exportadores de carne suína do Brasil estima que a China, em cinco anos, poderá absorver cerca de 200 mil toneladas anuais, 37% das exportações brasileiros do produto em 2010.

Banco do Brasil e Petrobrás

Também na terça, Dilma se reúne com Hu Jintao e participa de dois eventos distintos — o “Diálogo de Alto Nível Brasil–China em Ciência, Tecnologia e Inovação” e o “Seminário Empresarial Brasil–China: Para Além da Complementaridade”. A viagem será, ainda, uma oportunidade para estreitar relações entre o governo chinês e empresas brasileiras. 

O Banco do Brasil, por exemplo, prepara-se para abrir uma agência bancária na China. A instituição aguarda a resposta das autoridades chinesas ao pedido de transformação em agência do escritório de representação mantido em Pequim, mas já tem sinais da aprovação das autoridades. 

Já a Petrobras assinará contratos com as chinesas Sinochem e Sinopec, para, respectivamente, recuperação de petróleo em reservas de difícil extração e para iniciar exploração de dois blocos no litoral dos estados do Pará e Maranhão. A Eletrobras e a chinesa State Grid assinarão parceria, o que deve facilitar a entrada da empresa da China nos leilões de energia no Brasil. Os países assinarão, ainda, acordo de defesa, que prevê troca de tecnologias e informações, ações conjuntas e intercâmbio de especialistas.

Dilma fica fora do Brasil até o dia 18. A previsão é que, no retorno da viagem, ela faça duas escalas — em Praga, na República Tcheca, e em Lisboa, Portugal. Na visita a Grécia, a presidente se reuniu com o primeiro-ministro Georgious Papandreou. A Grécia foi o terceiro país visitado por Dilma, que, desde que assumiu o governo, foi à Argentina, em janeiro, e a Portugal, em março.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

“O movimento estudantil é uma grande escola de como fazer política.” (Naldo Freitas)


Reproduzo a seguir entrevista que concedi ao estudante de jornalismo da UFAL, Paulo Veraz, que conheci já algum tempo quando estudávamos no IFAL (na época ainda CEFET). Confira na integra aqui, ou no seu Blog:


Lindinaldo Freitas é presidente da UJS-AL
 e ex-diretor da UBES

Há dois anos conheci um jovem idealista chamado Naldo Freitas, cujo sonho de mudar a realidade em que vive o levou a militar, tão cedo, no movimento estudantil e na luta partidária. Como resultado de suas lutas, o rapaz já galgou ser um dos diretores da UBES e atualmente preside a UJS, entidade ligada ao PCdoB. E mantem um blog nas horas vagas. Na entrevista dada ao blog, Naldo responde as polêmicas sobre ambas entidades e fala sobre sua experiência político-partidária e o contexto alagoano. Mesmo sem perder aquele brilho nos olhos de quem quer melhorar o lugar onde vive.


1 – Como Naldo se auto-define?

Uma pessoa tranquila, calma, as vezes até tímida, mas acima de tudo inquieta com as injustiças sociais, apaixonado pelo estudo, seja do marxismo-leninismo, da ciência em geral, da realidade do Brasil, enfim adoro estudar. Mas adoro ainda mais transformar a realidade, por isso me defino como militante das causas populares, como alguém que se dedica para construir uma nova realidade, um novo Brasil.


2 – Você fez parte da Diretoria da UBES em Alagoas. Como é, exatamente, a atuação política dessa entidade?

A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas possui 63 anos de existência, durante esse período esteve presente em todos momentos decisivos da historia do país lutando sempre pela democracia, em defesa da soberania nacional e por uma educação pública de qualidade para todos. A UBES, enquanto entidade máxima de representação dos estudantes da educação básica do país, atua em conjunto com as entidades estaduais, municipais e os grêmio estudantis nas escolas. Essa rede do movimento estudantil garante que as lutas dos estudantes não fiquem isoladas nas escolas, e dessa forma confere a UBES um papel de lutar por bandeiras nacionais, sempre tendo como norte a educação publica de qualidade e o sentimento patriota: de lutar por uma nação soberana e justa socialmente.


3 – Você também é militante do Partido Comunista do Brasil. O que o levou a, mesmo tão jovem, filiar-se a um partido político?

Olha, eu me filiei ao partido logo quando completei 17 anos. Acredito que foi a vontade de mudar as coisas, eu comecei a ajudar no grêmio da escola, conheci um “tal” de Karl Marx e seus escritos me ajudaram a entender melhor o porquê que existe tanta desigualdade... aí não teve jeito, comecei a participar de atividades e conhecer a União da Juventude Socialista, a UJS, e paralelo a isso fui conhecendo o Partido Comunista do Brasil. Eu acho que todos nós procuramos uma razão pra nossa vida, isso é até filosófico mesmo, e participar de um partido politico é ter clara qual é essa razão.


4 – Por que há uma ligação tão forte entre movimento estudantil e juventudes partidárias?

O movimento estudantil é uma grande escola de como fazer política. A juventude brasileira está hoje na grande maioria nos bancos das escolas e das faculdades, logo esse é o principal espaço de atuação das juventudes partidárias.


5 – Existem muitas críticas sobre a “dominação” da UBES pela UJS. Por que a UJS se mantêm tanto tempo no comando da entidade?

A UJS é a maior organização de juventude política do país. A UBES realizou agora no inicio do ano em janeiro o seu 1º Encontro Nacional de Grêmios, a UJS foi a juventude que dirigia a grande maioria dos mais de mil grêmios que participaram, ou seja, nós dirigimos não só a UBES mais a maioria dos grêmios, das uniões municipais e das uniões estaduais. Nós conseguimos isso porque temos uma orientação política justa, porque nos mantemos ligados a juventude e a defesa de suas interesses, não é por acaso que somos a juventude que possui o maior tempo de existência ininterrupta da história do país.


6 – Historicamente, o PT tem se associado aos grandes movimentos sociais no Brasil, incluindo a UBES. Desde que chegou ao governo, em 2003, entretanto, a postura do partido sobre alguns temas mudou substancialmente. Entretanto, não houve nenhuma crítica por parte da entidade. Porque a UBES não faz oposição ao PT?

Olha, primeiro não é verdade que não houve nenhuma critica ao governo, nos fizemos varias criticas ao governo Lula e estamos fazendo ao governo da presidente Dilma Roussef, exemplo disso é a nossa jornada de lutas que se iniciou na semana passada onde um dos pontos é o corte de verbas que o governo fez no orçamento e em especial o corte na educação, nós saímos do encontro de grêmios com uma resolução onde nos colocamos contrários a proposta do governo de criar o PRONATEC, que na nossa opinião não representa avanço algum para o ensino técnico. Agora o que nós não fazemos é ser inconsequentes e virar “bucha de canhão” de setores que sempre atacaram a educação publica e defendem uma linha privatista. Nós não aceitamos ser usados por ninguém. E sabemos que a alternativa ao projeto atual de desenvolvimento que está afrente do governo é a volta da direita brasileira, das ideias neoliberais. E temos muita clareza que o governo é o governo, e que o papel da UBES é lutar pelos estudantes e pressionar o governo por uma educação pública de qualidade.


7 – Qual o papel do Movimento Estudantil na formação política da juventude?

O movimento estudantil joga um grande papel na formação política dos jovens, especialmente no fortalecimento das ideias contestadoras, do senso critico, do sentimento de solidariedade entre as pessoas e do associativismo entre os indivíduos na sociedade. Como eu já disse, o ME é uma grande escola de como fazer política, na verdade ele é a primeira escola, é onde aprendemos que nem toda política é suja, que política é algo bom, basta termos como objetivo melhorar a vida das pessoas.


8 – A maioria dos políticos não é jovem. Existem, inclusive, restrições de idade para concorrer em determinados cargos. Isso afasta a juventude de uma atuação política?

Acho que sim, mas não só isso. O sistema político atual é muito conservador e personalista, é preciso fortalecer as ideias, fortalecer os partidos políticos. É importante que a sociedade renove os seus representantes políticos, mas faça isso renovando as ideias também, para que não aconteça como nas ultimas eleições onde alguns ditos jovens foram eleitos, porem não representam nada de novo, são filhos, netos, sobrinhos de velhos figurões e representam na verdade velhas oligarquias do estado.


9 – O PCdoB passa por um momento de preparação para as eleições de 2012. Hoje, o partido não tem nenhum cargo eletivo de destaque no Estado. Como oferecer uma alternativa política concreta nessas condições?

O partido tem jogado um importante papel nos espaços que ocupa atualmente, seja na Câmara de Vereadores de Maceió com o vereador Marcelo Malta, seja na prefeitura e na vice prefeitura de Satuba e Marechal Deodoro respectivamente. Em outros estados como é o caso de Pernambuco o partido está a três administrações afrente de Olinda e dirige também a prefeitura da melhor capital para se viver do país, Aracaju. Sem falar no papel que desempenha no ministério dos esportes, vale lembrar que o partido está a frente do ministério desde que o mesmo foi criado em 2005 e de lá pra cá muita coisa mudou na área, basta citar que seremos sede das Olimpíadas e da Copa do Mundo de 2014. O partido é sem duvidas uma alternativa política para o povo alagoano e expressa isso pelo trabalho que desenvolve e pela historia que tem no estado, é um partido respeitado e que possui em suas fileiras lideranças que suas historias de vida e luta se confundem com a própria história do partido, como é o caso de Eduardo Bomfim, Alba Correia, Maria Yvone Loureiro... enfim, vários camaradas que se dedicam a luta do povo.


10 – Você também tem um blog onde divulga temas da UBES e do Partido. Como vê a participação da Internet na politização da juventude?

A internet, principalmente através dos blogs, joga hoje um papel muito importante. A grande mídia no nosso país e no nosso estado tem dono e reproduz os interesses de seus donos. A internet é um espaço aberto, democrático, que também reproduz esses interesses, mas que também é um espaço para a mídia alternativa, uma verdadeira trincheira na luta pela democratização dos meios de comunicação. É o espaço onde o jovem não precisa ouvir o que a Globo diz como a única verdade, ele pode procurar outras fontes e ter acesso a diversos pontos de vista sobre o mesmo assunto. Um exemplo concreto é esta própria entrevista, como você e eu poderíamos divulgar nossas opiniões para tantas pessoas sem a internet, seria praticamente impossível.


11 – Recentemente, você postou em seu blog uma notícia do Portal Vermelho que dava apoio ao deputado Olavo Calheiros. Em 2010, o candidato a senador do PCdoB, Eduardo Bomfim, dividiu o palanque com o senador Renan Calheiros. Você acredita que a associação a figuras políticas tradicionais, como os irmãos Calheiros condiz com causa socialista?

O PCdoB atua tendo como norte o seu programa socialista e defendemos a necessidade de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento que supere os atrasos seculares do nosso país, transformando o Brasil em uma nação soberana e socialmente justa. É com este norte que o partido define sua ação tática, que na última eleição passava pela derrota do projeto neoliberal nas eleições para presidente e para o governo do estado. Conseguimos eleger a Dilma, porém em Alagoas o tucano Téo Vilela foi reeleito. É importante se ter claro que aliança eleitoral representa a configuração de um campo político em uma batalha para derrotar outro campo político, ou seja, não significa nem que o PMDB aderiu ao projeto socialista nas eleições passadas e nem que o PCdoB aderiu ao projeto do PMDB. Significa que uma frente de diversos partidos se formou para derrotar o projeto neoliberal aqui em Alagoas. É natural que essa batalha continue, que forças políticas comprometidas com o desenvolvimento nacional lutem contra a política neoliberal do governo Téo Vilela, e nesse sentido, essas forças são aliadas dos comunistas aqui em Alagoas.


12 – O que precisa mudar na política em Alagoas?

Vixi... muita coisa viu... vamos fazer uma observação bem rápida: o governador do estado, Téo Vilela, é usineiro, logo o poder executivo está na mão dos usineiros, certo? Bom, o presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Toledo, também é usineiro, logo o legislativo também está na mão dos caras, sem falar em vários outros usineiros e agregados que ocupam espaço de poder no estado e todos são da cooperativa dos usineiros, que funciona como um grande partido político no estado. A oligarquia da cana de açúcar possui o poder econômico e o poder político do estado. Se nós mudarmos isso e conseguirmos aumentar a participação popular, se mais representantes do povo forem eleitos, com certeza teremos mudado muita coisa.


Mensagem final:

Quero agradecer ao Paulo Veraz pelo convite e pela paciência. Quero também convidar a todos para conhecerem espaços na internet como o Portal Vermelho, estou enviando alguns links que acho importantes, onde podemos ter acesso a diversas informações e pontos de vista que faz contraponto a hegemonia da grande mídia. E acredito que espaços como estes são importantes para compreendermos melhor a política do nosso estado e do país, para entendermos melhor a realidade da juventude e tentarmos construir alternativas de mudança.

Abraço a todos!

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Ex-diretor da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e ex-presidente da União da Juventude Socialista (UJS) de Alagoas. Atual militante e presidente do Comitê Municipal de Maceió do Partido Comunista do Brasil, PCdoB.
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