terça-feira, 23 de novembro de 2010

Perigo de guerra: Coreias entram em choque


O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) convocou uma reunião em caráter de urgência para tratar dos recentes disparos entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, informou uma fonte diplomática francesa nesta terça-feira(23). A reunião deve ocorrer em um ou dois dias.

"Está em preparação uma reunião urgente do Conselho. A França é a favor da mesma", disse a fonte, que deu as declarações sob condição de anonimato.

Nas primeiras horas desta terça-feira, as agências internacionais, reproduzindo acusações do governo da Coreia do Sul, divulgaram informações acusando a República Popular Democrática da Coreia de ter realizado disparos contra a ilha sul-coreana de Yeonpyeong e em águas fora da costa oeste da Península Coreana, numa fronteira marítima permanentemente tensa.

Informa-se que duas pessoas morreram e 13 foram feridas. A população Yeonpyeong está sendo transferida para os abrigos.

Segundo as agências de notícias, a Coreia do Sul também realizou disparos e a região se encontra em estado de alerta elevado.

Um porta-voz da chancelaria chinesa disse que a China tem acompanhado relatos sobre o suposto ataque e instou as partes envolvidas a tomar atitudes que conduzam à paz e estabilidade.

"Estamos preocupados com a questão e a situação real precisa ser confirmada", disse o porta-voz chinês, Hong Lei. Também a Rússia manifestou a preocupação de que a crise entre os dois lados da Península Coreana leve a uma escalada militar na região e pediu que as disputas entre os dois países sejam resolvidas exclusivamente por meios diplomáticos.

Acusações das potências imperialistas

Por sua vez, a ministra de Relações Exteriores francesa, Michele Alliot, pediu por meio de comunicado que a Coreia do Norte "acabe com as provocações".O governo dos EUA afirmou que o país "condena com veemência" o ataque da Coreia do Norte contra a ilha de Yeonpyeong, da Coreia do Sul, e que está "fortemente comprometido" com a defesa de Seul. A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, também "condenou firmemente" o ataque, assim como o governo do Reino Unido. "Estamos em contato contínuo e próximo com nossos aliados coreanos", acrescenta a nota. "Os EUA condenam este ataque e pedem à Coreia do Norte que suspenda sua ação bélica e cumpra totalmente os termos do Acordo de Armistício".

O primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, recomendou as autoridades do governo que estejam preparadas para qualquer desdobramento do conflito na península coreana.

Posição da Coréia do Norte

O governo da Coreia do Norte afirmou que a Coreia do Sul disparou primeiro no confronto de hoje entre militares dos dois países. numa região de fronteira. Os norte-coreanos dizem que revidaram ao ataque, ao contrário do que foi informado mais cedo por agências de notícias do país vizinho.

Militarismo, pressões e sanções

Os dois países se encontram tecnicamente em conflito desde que a Guerra da Coreia (1950-1953) foi encerrada pelo armistício em vez de um tratado de paz. Desde então, o acirramento das tensões entre as duas nações asiáticas é frequente.

Um dos episódios mais recentes dos atritos entre os países foi o afundamento do navio sul-coreano Cheonan. Seul acusa Pyongyang de estar por trás do ataque, que matou 46 marinheiros. A Coreia do Norte, por sua vez, não só nega a acusação, como a devolve, acusando o governo de Seul de ser o responsável pelo afundamento do Cheonan.

A Península Coreana é um dos lugares mais tensos do mundo. Os Estados Unidos mantêm no território da Coréia do Sul bases militares com cerca de 30 mil soldados. Ali estão instaladas também mais de uma centena de ogivas nucleares, todas apontadas para a Coréia do Norte, além de terem como alvo a China e outros objetivos militares na Ásia.

Regularmente os Estados Unidos e a Coreia do Sul realizam exercícios militares nas proximidades da fronteira marítima, em verdadeiros atos de provocação, ameaça e intimidação à Coréia do Norte. Tais exercícios geram situações de insegurança e propiciam o surgimento de incidentes como o desta terça-feira, além de trazerem instabilidade a toda a região asiática.

A República Popular Democrática da Coreia é alvo de pressões também relativamente à questão nuclear e encontra-se sob sanções da ONU, urdidas pelo imperialismo norte-americano, que de maneira hipócrita combina um discurso aparentemente diplomático com acusações e ameaças.

Nesta segunda-feira (22), o principal comandante militar dos EUA, almirante Mike Mullen, disse que a revelação sobre a planta nuclear norte-coreana, feita no último sábado (19) pelo cientista norte-americano Siegfried Hecker mostra que o regime norte-coreano é "muito perigoso". "Mais uma vez a Coreia do Norte segue um caminho desestabilizador para toda a região", disse Mullen à CNN.

De acordo com ele, a posição dos EUA é de que o governo de Pyongyang segue seu caminho na busca de "armas nucleares adicionais". "Há muito tempo que me preocupa a instabilidade na região e, francamente, a Coreia do Norte está no centro de tudo isto", acrescentou.

Os EUA pretendem usar o relato de Hecker para tentar colocar em Pyongyang a pecha de que viola resoluções da ONU. O Japão qualificou a novidade como "absolutamente inaceitável", enquanto os sul-coreanos expressaram "graves preocupações".

O secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, também fez na última segunda-feira declarações ameaçadoras à Coréia do Norte.

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Ex-diretor da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e ex-presidente da União da Juventude Socialista (UJS) de Alagoas. Atual militante e presidente do Comitê Municipal de Maceió do Partido Comunista do Brasil, PCdoB.

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