sexta-feira, 1 de junho de 2012
Código Florestal: os vetos de Dilma
21:01
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A correria da construção dos congressos da UJS
acabou me deixando sem postar novidades aqui. Mas para não deixar esse espaço
parar reproduzo a seguir o editorial do Portal Vermelho do dia 31 de maio sobre
os vetos da presidenta Dilma no Código Florestal:
O debate sobre o novo Código Florestal entrou
em outro patamar após o anúncio dos vetos da presidente Dilma Rousseff: ficaram
mais explícitos os motivos das resistências contra as mudanças que, antes,
vinham embalados na tese da defesa do meio ambiente.
De um lado estão o
agronegócio e seus representantes no Congresso Nacional, em geral políticos de
direita, que expõem as razões econômicas de sua oposição e a defesa dos
interesses dos grandes empresários rurais. Alegam, principalmente os prejuízos
que a obrigação de restaurar áreas que foram desmatadas antes de 22 de julho de
2008, afetando a rentabilidade empresarial com – dizem – impacto no
custo de vida.
Do outro lado,
muitos ambientalistas apegam-se ao “Veta, Dilma”, compreendido de forma
estreita como a rejeição completa do Código Florestal, deixando o país sem um
marco legal atualizado para a proteção das matas, rios e nascentes. Eles
insistem na tese controversa de uma quase “intocabilidade” das matas e do meio
ambiente, com reflexos negativos no desenvolvimento econômico do país.
Os cortes feitos
pela presidente restauram o espírito original do Código Florestal aprovado pela
Câmara dos Deputados a partir do relatório apresentado pelo deputado Aldo
Rebelo (PCdoB-SP) e modificado em diferentes pontos após a tramitação no
Senado.
A aprovação pela
Câmara dos Deputados, em abril, do relatório do deputado Paulo Piau (PMDB-MG),
ligado à bancada ruralista, significou um retrocesso em relação ao projeto
referendado pelo Senado, originário da proposta relatada por Aldo Rebelo. As
alterações promovidas pelo relator Piau desfiguraram aquela proposta que foi
construída a partir de uma difícil engenharia política que
contemplou os vários pontos de vista envolvidos e criou um corpo legal
capaz de amparar a produção, resguardar as exigências da proteção da natureza e
defender a soberania nacional.
Entre
os vetos da presidente Dilma, os ruralistas se opõem principalmente a
dois. O primeiro diz respeito ao artigo 1º, desfigurado pelo relatório de Paulo
Piau, que reduziu a abrangência do Código Florestal a um instrumento
disciplinador da atividade rural. Dilma vetou e manteve a ideia original do
Código Florestal como uma lei impositiva de proteção de florestas, rios e
nascentes.
A outra
controvérsia principal diz respeito ao artigo 61, que regula as Áreas de
Proteção Permanente (APPs). Um primeiro aspecto diz respeito à chamada
“anistia” aos que desmataram áreas de preservação permanente até 22 de julho de
2008, e à continuidade de atividades empresariais nessas áreas eliminando,
segundo o governo, “a possibilidade de recomposição de uma porção relevante da
vegetação do país". Outro aspecto restringia a abrangência das áreas de
recomposição de vegetação ao longo de cursos d’água. Ao vetar o artigo 61, o
governo restabeleceu os critérios originários da proposta, que beneficia as
pequenas propriedades de agricultura familiar exigindo delas uma recomposição
obrigatória menor. E estabelece critérios mais rigorosos de recomposição das
matas à beira de cursos d’água para propriedades médias e grandes.
Outro corte
importante feito pela presidente fortaleceu a exigência do Cadastro Ambiental
Rural, amenizada pelo relatório Piau. O projeto de Código Florestal aprovado
pela Câmara e referendado pelo Senado previa a obrigação deste cadastramento
para a regularização ambiental e também para a obtenção de crédito agrícola. O
relatório Piau amenizou a exigência, abolindo-a como condição de acesso ao
crédito agrícola; em consequência, esta exigência passava literalmente a ser
letra morta. A formação de um cadastro nacional das propriedades fundiárias vem
sendo tentada desde o Império, pois é um registro necessário para o
conhecimento da situação das terras no país, principalmente das terras
devolutas, que são propriedade pública. É um instrumento regulador do qual os
latifundiários sempre fugiram, o que explica a rejeição contra esta exigência
por parte da bancada ruralista e do relator Paulo Piau.
Os cortes da
presidente Dilma ao Código Florestal aprovado pela Câmara dos Deputados em
abril não encerram os debates sobre a matéria, mas recolocam a disputa num
outro nível onde ficam expostos os interesses em jogo.
As forças
progressistas precisam estar atentas à nova etapa do debate. Desenvolvimento
sustentado com proteção das florestas e da natureza – esta é a consigna
que precisa ser defendida. Nem santuarismo nem produtivismo predatório, mas a
equilibrada adequação entre as necessidades da produção, a defesa do meio
ambiente e o respeito à soberania nacional. A proposta original de um novo
Código Florestal, que começou a ser elaborada na Câmara dos Deputados em 2008,
estava baseada neste tripé. E é ele que precisa continuar orientando o debate
daqui para a frente.
31/05/2012
Editorial do Portal Vermelho
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- Naldo
- Ex-diretor da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e ex-presidente da União da Juventude Socialista (UJS) de Alagoas. Atual militante e presidente do Comitê Municipal de Maceió do Partido Comunista do Brasil, PCdoB.
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