terça-feira, 8 de maio de 2012
Aquecimento global: as previsões furadas de Lovelock
17:46
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A ideia do Aquecimento Global parece que não é mais tão conveniente como antes, será mais um dos efeitos da crise do
capitalismo? Bom, recomendo esse ótimo artigo do camarada José Carlos Ruy:
e a Terra não esquentou... |
Por José Carlos Ruy
James Lovelock é um dos gurus da tese segundo a
qual o aquecimento global, provocado pelo homem, vai esturricar a Terra. Agora,
diz que estava errado. Um erro de consequências políticas monumentais.
James Lovelock é um dos principais ideólogos
do catastrofismo ambiental em nossos dias e um dos gurus do movimento
ambientalista. Autor de inúmeros livros, formulador da hipótese Gaia, que vê a
Terra como se fosse um enorme organismo, ele é um cientista influente que
chegou a prever a morte de bilhões de pessoas devido às mudanças climáticas
que, em sua opinião, iriam esturricar o planeta. Foi um dos formuladores da
tese de que a mudança climática decorre da ação humana sobre o ambiente.
Ele chegou a propor, em 2004, que o que restasse da humanidade só conseguiria
viver no Ártico, onde o clima continuaria “tolerável”. E pregava, na linha do
mais radical ambientalismo, a necessidade de um “melhor uso dos recursos” da
Terra e isto significava, desde as reuniões do Clube de Roma, em 1968, e da ONU
em Estocolmo, 1972, a contenção do desenvolvimento da economia. Isto é,
contenção do desenvolvimento econômico dos países pobres, para, usando palavras
de Lovelock, “sustentar a civilização o máximo de tempo” possível. A palavra
“civilização” esconde, nesta frase, aquilo que realmente seu autor quer dizer:
os países ricos e o modo de produção capitalista.
Lovelock é, assim, um dos principais – se não o principal –
defensores da tese de que o aquecimento global decorre da ação humana. Na
verdade, era. Numa entrevista ao site da rede norte-americana MSNBC, em 23 de
abril passado, o cientista britânico, de 92 anos de idade, renegou o
catastrofismo climático e ambiental e admitiu que exagerou. Reconheceu, sem
rodeios: "Tudo bem, cometi um erro."
Naquela entrevista ele disse que o comportamento do clima da Terra desde o ano
2000 contrariou suas previsões mais pessimistas; admitiu que os estudos a
respeito são insuficientes, faltando mais pesquisas para entender o futuro do
planeta. Reconheceu ter ido “longe demais na extrapolação” sobre o aquecimento
global, quando deveria ter sido mais cauteloso. "O problema é que não
sabemos como o clima atua, embora achássemos que sabíamos 20 anos atrás. Isso
levou à publicação de livros alarmistas, inclusive os meus", disse.
Além de sua própria postura catastrofista, Lovelock acusa também o
ex-vice-presidente norte-americano Al Gore e seu filme Uma Verdade Inconveniente como exemplo do alarmismo ambientalista.
"O clima continua fazendo os seus truques de sempre. Não tem nada de muito
emocionante acontecendo agora. Deveríamos estar a meio caminho de
fritarmos", mas não é isso que está acontecendo, disse. Ele estranha o
fato de que a temperatura global da Terra não tenha aumentado nos últimos 12
anos, embora os níveis de gás carbônico (ou dióxido de carbono) na atmosfera,
demonizado como o principal gás do efeito estufa, continuem subindo e batendo
recordes. O aquecimento previsto para os 12 anos seguintes a 2000 não ocorreu.
"Doze anos é um tempo razoável”, e a temperatura tem permanecido
constante.
Embora sem abrir mão da tese de que as emissões humanas de dióxido de carbono
possam levar a um aumento global na temperatura, ele concorda agora que
faltaram estudos a respeito do efeito dos oceanos sobre o clima. O oceano pode
ter um papel fundamental, admite. "Ele poderia fazer toda a diferença
entre uma idade quente e uma idade do gelo", disse.
Há uma pergunta no ar: foi um erro? Lovelock foi um dos principais formuladores
do ambientalismo como ideologia, baseado num “santuarismo” paralisante do
desenvolvimento particularmente de países pobres, entre eles a China, a Índia e
o Brasil. Entre a ciência e a política, sua ação abandonou a primeira para
reforçar o conservadorismo capitalista dominante e a defesa da manutenção da
distribuição do poder político e econômico no mundo a favor das potências
industriais capitalistas.
Ele foi um dos principais esteios da condenação dos cientistas que não
aceitavam a tese dos adeptos da corrente principal do pensamento ambiental
segundo a qual a mudança climática seria resultado da ação humana. E que
tentaram desqualificar esses críticos impondo-lhes o rótulo de “céticos”.
O rolo compressor de um autointitulado “consenso científico” simplesmente
desconsiderou as críticas científicas solidamente fundamentadas que recusavam
as “verdades” dogmáticas deste verdadeiro evangelho do santuarismo
ambientalista que é o relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas, o organismo da ONU dedicado ao problema) onde os questionamentos
feitos pelos cientistas foram simplesmente ignorados. Lovelock foi um dos
pilotos desse rolo compressor do conservadorismo ambientalista.
Neste sentido, falar em “erro” pode ser simplório pois, na verdade, tratava-se
de um dogma político que precisava ser impingido a países que defendiam seu
direito ao desenvolvimento combinado com a defesa do meio ambiente. No mundo
posterior à crise econômica de 2007/2008 e do rearranjo do quadro geopolítico
internacional que veio na esteira dela, os dogmas do rolo compressor do
aquecimento global simplesmente perderam o sentido e não colam mais. Qual será,
agora, o próximo erro?
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- Naldo
- Ex-diretor da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e ex-presidente da União da Juventude Socialista (UJS) de Alagoas. Atual militante e presidente do Comitê Municipal de Maceió do Partido Comunista do Brasil, PCdoB.
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