quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Fernando Morais: Os últimos soldados da guerra fria
14:07
|
Recentemente
durante a realização da V Bienal Internacional do Livro, no centro de convenções
de Maceió, assisti a palestra do escritor Fernando Morais, meu principal
objetivo era o ouvir falar sobre sua obra “Os últimos soldados da guerra fria”,
saí da palestra entusiasmado e comprei o livro.
Pouco
tempo depois tinha devorado os 15 capítulos e as diversas informações que fazem
dessa obra, em minha opinião, uma das mais importantes do autor. Bom, quero
recomendar esse livro a todos e para dar uma melhor noção reproduzo aqui no
Blog o mais recente artigo do também escritor Frei Betto sobre o tema e mais
abaixo dois vídeos onde o próprio Fernando Morais nos fala sobre o seu livro.
Heróis
condenados
*Por
Frei Betto
"Os
últimos soldados da guerra fria”, livro de Fernando Morais editado pela
Companhia das Letras (2011), teria suscitado inveja em Ian Fleming, autor de
007, se este não tivesse morrido em 1964, sobretudo por comprovar que, mais uma
vez, a realidade supera a ficção.
Suponhamos
que na esquina de sua rua haja um bar que abriga suspeitos de assaltarem casas
do bairro. Como medida preventiva, você trata de infiltrar um detetive entre
eles, de modo a proteger sua família. A polícia, de olho nos meliantes,
identifica o detetive. E ao invés de prender os bandidos, encarcera o
infiltrado...
Foi
o que ocorreu com os cinco cubanos que, monitorados pelos serviços de
inteligência de Cuba, se infiltraram nos grupos anticastristas da Flórida, responsáveis
por 681 atentados terroristas contra Cuba, que resultaram no assassinato de
3.478 pessoas e causaram danos irreparáveis a outras 2.099.
Desde
setembro de 1998, encontram-se presos nos EUA os cubanos Antonio Guerrero,
Fernando González, Gerardo Hernández e Ramón Labañino. O quinto, René González,
condenado a 15 anos, obteve liberdade condicional no último dia 7 de outubro,
mas por ter dupla nacionalidade (americana e cubana) está proibido de deixar o
país.
Os
demais cumprem pesadas penas: Hernández recebeu condenação de dupla prisão
perpétua e mais 15 anos de reclusão... Precisaria de três vidas para cumprir
tão absurda sentença. Labañino está condenado à prisão perpétua, mais 18 anos;
Guerrero, à prisão perpétua, mais 10 anos; e Fernando a 19 anos.
Os
cinco constituíam a Rede Vespa, que municiava Havana de informações a respeito
de terroristas que, por avião ou disfarçados de turistas, praticaram atentados
contra Cuba, contrabandearam armas e detonaram explosivos em hotéis de Havana,
causando ferimentos e mortes.
Bush
e Obama deveriam agradecer ao governo cubano por identificar os terroristas
que, impunes, usam o território americano para atacar a ilha socialista do
Caribe. Acontece, no entanto, exatamente o contrário, revela o livro bem
documentado de Fernando Morais. O FBI prendeu os agentes cubanos, e continua a
fazer vista grossa aos terroristas que promovem incursões aéreas clandestinas
sobre Cuba e treinamentos armados nos arredores de Miami.
Em
15 capítulos, o livro de Morais relata como a segurança cubana prepara seus
agentes; a saga do mercenário salvadorenho que, a soldo de Miami, colocou cinco
bombas em hotéis e restaurantes de Havana; o papel de Gabriel García Márquez,
como pombo-correio, na troca de correspondência entre Fidel e Bill Clinton; a
visita sigilosa de agentes do FBI a Havana, e o volume de provas contra a Miami
cubana que lhe foram oferecidas por ordem de Fidel.
"Os
últimos soldados da guerra fria” é fruto de exaustivas pesquisas e entrevistas
realizadas pelo autor em Cuba, EUA e Brasil. Redigido em estilo ágil,
desprovido de adjetivações e considerações ideológicas, o livro comprova por
que Cuba resiste há mais de 50 anos como único país socialista do Ocidente: a
Revolução e suas conquistas sociais incutem na população um senso de soberania
que a induz a preservá-las como gesto de amor.
Em
país capitalista, para quem, graças à loteria biológica, nasceu em família e
classe social imunes à miséria e à pobreza, é difícil entender por que os
cubanos não se rebelam contra as autoridades que os governam. Ora, quando se
vive num país bloqueado há meio século pela maior potência militar, econômica e
ideológica da história, da qual dista apenas 140 km, é motivo de orgulho
resistir por tanto tempo e ainda merecer elogios do papa João Paulo II ao
visitá-lo em 1998.
Em
mais de 100 países – inclusive no Brasil – há médicos e professores cubanos em
serviços solidários em áreas carentes. O número de desertores é ínfimo,
considerada a quantidade de profissionais que, findo o prazo de trabalho, retornam
a Cuba. E a Revolução, como ocorre agora sob o governo de Raúl Castro, tem
procurado se atualizar para não perecer.
Talvez
este outdoor encontrado nas proximidades do aeroporto de Havana, e citado com
frequência por Fernando Morais, ajude a entender a consciência cívica de um
povo que lutou para deixar de ser colônia, primeiro, da Espanha e, em seguida,
dos EUA: "Esta noite 200 milhões de crianças dormirão nas ruas do mundo.
Nenhuma delas é cubana.”
*Frei
Betto é escritor, autor de "Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura
militar brasileira” (Rocco), entre outros livros.
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- Naldo
- Ex-diretor da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e ex-presidente da União da Juventude Socialista (UJS) de Alagoas. Atual militante e presidente do Comitê Municipal de Maceió do Partido Comunista do Brasil, PCdoB.
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