sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Para CTB, aumento dos juros confirma início frustrante do governo Dilma

A CTB considera totalmente despropositado e frustrante o aumento da taxa de juros anunciado nesta quarta-feira (19) pelo Banco Central. Na primeira reunião do Comitê de Política Econômica (Copom) sob o governo da presidente Dilma Rousseff, a Selic foi ampliada de 10,75% para 11,25% ao ano.
 
“Esse aumento nos preocupa bastante, pois confirma um mau início de governo que teve todo o nosso apoio para sua eleição, mas que se mostra, em suas primeiras decisões, destoante em relação às demandas da classe trabalhadora e do povo brasileiro”, afirmou Wagner Gomes, presidente da CTB, ao tomar conhecimento da decisão do Banco Central.
 
O presidente da CTB se refere também à decisão do governo federal em reajustar para apenas R$ 545 o valor do salário mínimo, interrompendo a política de valorização iniciada pelo presidente Lula. “Precisamos de uma interlocução maior com o novo governo. São duas decisões que vão na contramão daquilo que o país precisa, algo que não contribuirá em nada para o desenvolvimento do país”, disse Wagner Gomes.
 
Com a decisão anunciada pelo BC, o Brasil segue no topo da lista entre os países com maiores juros reais do mundo. Em termos nominais, a taxa básica brasileira só perde hoje para a praticada no Paquistão (14,00%) e na Venezuela (18,10%). A diferença é que, em ambos os países, a inflação é bem mais alta do que aqui. No vizinho sul-americano, os índices ao consumidor oscilam em torno de 27%. No Paquistão, estão na casa dos 20%. O índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial do Brasil, subiu 5,91% em 2010.
 
"O Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 11,25% a.a., sem viés, dando início a um processo de ajuste da taxa básica de juros, cujos efeitos, somados aos de ações macroprudenciais, contribuirão para que a inflação convirja para a trajetória de metas", afirmou o Comitê, em comunicado à imprensa.
 
Leia abaixo a nota divulgada pela CTB em contrariedade à decisão do Banco Central:
 
São Paulo, 19 de janeiro de 2011.

A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) manifesta sua posição contrária em relação ao aumento da taxa de juros divulgado nesta mesma data pelo Banco Central. A alegação de que essa impopular medida seria necessária para conter a inflação não passa de mera cantilena, advinda dos poderosos setores da sociedade interessados na manutenção da maior taxa de juros real do mundo.
 
É frustrante que o mandato da presidente Dilma Rousseff se inicie com tal decisão. A CTB entende que o novo governo poderia ter sinalizado o início de uma nova era para o país, na qual a orientação monetária do Banco Central pudesse ter um rumo mais ousado – diferente daquele comandado por Henrique Meirelles durante oito anos.
 
A presidente Dilma Rousseff certamente tem conhecimento de que a decisão de aumentar a taxa Selic para 11,25% ao ano significa um retrocesso para o país. Tal medida reflete no crescimento, no desenvolvimento e nos investimentos necessários para que o governo coloque em prática seu principal compromisso: a erradicação da miséria.
 
A CTB espera que o novo governo decida enfrentar, o quanto antes, o conservadorismo da política financeira que ainda vigora no Brasil. É preciso que a presidente Dilma Rousseff chame para si essa responsabilidade e proponha um novo rumo para a política monetário do país, de modo que o desenvolvimento econômico e social da nação se torne de fato uma realidade, em consonância à expectativa criada por aqueles que a elegeram.
 
Wagner Gomes
Presidente nacional da CTB

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Ex-diretor da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e ex-presidente da União da Juventude Socialista (UJS) de Alagoas. Atual militante e presidente do Comitê Municipal de Maceió do Partido Comunista do Brasil, PCdoB.

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